Qual é Seu imaginário Sobre A África?

Parem um minuto. Reflitam comigo. Qual é o seu imaginário sobre África? Quais elementos, sensações e referências vocês têm sobre esse continente?

Luz brilhante, cheiros intensos, espaços infinitos, tradições milenares, solos secos, mãos que trabalham, viagens intermináveis; mas também luta pela sobrevivência, fome, carestias, guerras e exploração. Enfim, humanidade. Profunda humanidade. Lembranças inesquecíveis para quem já foi lá. Desejo para quem sonha visitá-la um dia.

Moçambique, Malaui, Suazilândia, Níger, Chade, Camarões, Togo, Benim, Burkina Faso, Senegal e Gâmbia, são os países que atravessei em 6 anos (de 2002 até 2007) de viagens não focadas na fotografia, mas onde utilizei essa linguagem para descobrir e interagir com as realidades e as situações que naturalmente se geraram durante meu caminho.

Tentei retratar nas imagens a dignidade dos rostos e contar as histórias das pessoas com quem compartilhei meu caminho, às vezes só por breves instantes a bordo de um caminhão atravessando o Burkina Faso, de transeuntes observados nas ruas de Niamey e de Lomé, das mulheres das comunidades rurais do Malaui ou dos pastores nômades do deserto do Chade. Companheiros de trabalho, em alguns casos, ou simplesmente de viagem, em muitos outros.

Imagens que podem ser encontradas facilmente no Brasil de hoje, recriando diariamente os laços históricos, culturais e humanos existentes entre os dois lados do Oceano Atlântico.

Com os amigos Mateus Sá e Guga Soares, mergulhei no universo afrodescendente dos quilombos de Pernambuco inspirado por compartilhar minhas experiências para contribuir com o diálogo sobre a importância da herança africana na construção da identidade cultural do Brasil contemporâneo.

Fomos recebidos com grande entusiasmo e amizade pelas comunidades de Catucá, Timbó, Águas Claras e Filhos do Pajeú, as quais estimulamos a se autorretratarem por meio da fotografia, redescobrindo juntos a beleza, a riqueza e a unicidade de sua própria história e identidade.

Levo comigo o encanto dos lugares, a grandeza do céu, a pureza do ar, o vermelho da terra. E os abraços das pessoas.

Reencontrei a África? Talvez. Talvez, muito mais.

A certeza é que encontrei a mim mesmo.

E o amor pela vida.

Diego Di Niglio

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